Sebrae discute empreendedorismo como arma contra a miséria

Sebrae discute empreendedorismo como arma contra a miséria

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Com muita paixão. Foi assim que o novo diretor-presidente do Sebrae nacional, o catarinense Décio Lima, se dirigiu aos participantes do primeiro encontro nacional dos dirigentes do Sistema Sebrae de todo país de segunda a quarta-feira (8 a 10-5), no hotel Majestic Palace Hotel, em Florianópolis. O evento, até agora inédito em Santa Catarina, teve o objetivo de debater o planejamento estratégico da instituição para o período 2023-2027, bem como as agendas prioritárias dos próximos anos.

– A vida é cheia de encontros e este encontro precisa trazer para nós alguns valores que são importantes, o encontro da responsabilidade que temos com o país, o encontro do orgulho por pertencermos a uma das instituições que tem uma empatia extraordinária com o povo brasileiro. O encontro também com a vida, com o abraço, o carinho, a alegria de podermos realizar as nossas tarefas com a sinergia importante que o Sebrae precisa ter – analisou Décio, utilizando um tom mais humano do que técnico.

O pano de fundo do comentário acima, feito no primeiro dia, era o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022. Em sua 23ª edição, a pesquisa realizada pelo Sebrae em conjunto com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe) entre junho e agosto do ano passado, com “2 mil adultos e 52 especialistas”, revelou que 67% da população adulta brasileira é composta por potenciais empreendedores masculinos e femininos, bem como por donos de negócios. Detalhe importante é que o percentual de 67% da população equivaleria a um universo de 93 milhões de brasileiros entre 18 e 64 anos, sendo 42 milhões deles empreendedores e os outros 51 milhões potenciais empreendedores.

Sandálias da humildade Encantado com os números, o presidente do Sebrae alegou estar calçando “as sandálias da humildade”, sem querer ensinar ninguém, mas com a intenção de se somar “ao processo tão importante e do qual ainda não percebemos a importância neste momento do nosso país”.

– A pesquisa mostra também o tamanho do trabalho que tempos pela frente. A metade dos 42 milhões de pessoas que já empreendem no Brasil não está organizada dentro do sistema, nem no micro e pequeno empreendedor conforme a lei (2006) e tampouco são MEI social na forma da lei de 2009. É um empreendedor sobrevivente dentro do mercado, tem uma renda, mas não é legalizado – analisou, lembrando que a comunicação deverá desempenhar papel relevante no processo de incentivo aos novos empreendedores.

O desafio, é atender “a demanda desses 51 milhões de brasileiros que têm vontade de empreender, que querem empreender”, destacou, acrescentando: “O Sebrae tem uma história, é a grande porta que pode colaborar para que este sentimento dê certo, e ao mesmo tempo contribuindo para que a demanda gigante indicada pela pesquisa dê certo”.

Não à-toa Décio citou o holandês Baruch Spinoza, filósofo para quem a felicidade não depende do bom uso da razão, mas da libertação do potencial afetivo dos indivíduos, em especial da alegria e assegurou:

– Chego aqui com aquilo que aprendi com a filosofia. Aqui tem um coração apaixonado pelo Sebrae. Vou desafiar vocês para terem mais paixão neste período de modo a protagonizar esta causa importante para o povo brasileiro. Aqui estamos nós e talvez não entendamos a importância que temos para o momento que o Brasil vive. O Brasil precisa mais do que nunca da própria concepção do que é o Sebrae. Ser parceiro, ser amigo, agir de forma construtiva, produzir resultados para a sociedade, ampliando os pequenos negócios para pulverizarmos a economia

“Neste momento é hora de tirarmos nossas gravatas. Pisarmos no chão das feridas que o nosso povo está vivendo para podermos alavancar a esperança e o sonho que hoje as pesquisas mostram. Somos aquele que representa os pequenos na voracidade natural de um sistema que é extremamente acumulativo. Que é extremamente movido por uma gula, um sistema que dificulta justamente aquilo que representamos: os pequenos, os micros empreendedores e os MEIs sociais, propôs.

Exemplo de empreendedorismo catarinense, há 12 anos Sabrina Dutra de Liz resolveu abrir uma empresa para aproveitamento das goiabas serranas produzidas no sítio da família. Com a polpa e a parte branca da fruta faz uma dezena de produtos, entre eles sorvetes, musse, brigadeiro, pão sem ovo e até cerveja.  Criado em São Joaquim. o negócio vai de vento em popa.

Capacidade gigante – Presente ao encontro, o ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, demonstrou não ter qualquer dúvida sobre a capacidade do gigante Sebrae retirar o Brasil do mapa da pobreza. Na segunda-feira, ele pediu apoio à instituição para combater a miséria, apontando a criação de um fundo garantidor para incentivar pequenos negócios. Destacou que o Sebrae é um importante parceiro para capacitar beneficiários do Bolsa Família e que têm interesse em empreender.

“O Brasil nunca precisou tanto do Sebrae como precisa agora”, garantiu, recomendando que tanto o setor público quanto o privado apoiem empreendedores para a geração de mais empregos. O trabalho, em sua opinião, também deveria incluir a formação de novos empreendedores e de profissionais. Dias afirmou estar estudando a criação de um fundo garantidor de R$ 1,7 bilhão para resolver o problema de acesso a crédito e assim incentivar o empreendedorismo. “Estamos negociando com os bancos um cumprimento de uma regra que eles serão obrigados a aplicar no mínimo 2% aos pequenos”, informou.

O diretor-superintendente do Sebrae/SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, comemorou a realização do encontro dos dirigentes na capital catarinense: “Esperamos que as experiências de Santa Catarina sirvam de inspiração para a elaboração desse planejamento que irá nortear todo o Sistema Sebrae pelo próximo quadriênio”, disse.

 

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