OBRIGADO, GOL

Todo o processo do transplante, desde a captação até a alta do paciente envolve profunda emoção. Ao mesmo tempo, não tem como descrever a sensação de receber das mãos do colega Alberto Jacoob, presidente da Arfoc (Associação Profissional dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos), do Rio de Janeiro, na noite da sexta-feira, 2/9, um exemplar da revista, recém chegado do Floripa Airport. Jacoob veio participar de um congresso da Arfoc de Santa Catarina, na UFSC, durante o qual fui homenageado pela contribuição ao fotojornalismo ao longo de mais de 50 anos de atividade.
Recebi a revista com minha foto na capa, como quem recebe um precioso prêmio, aliás, o segundo da noite considerando que fui reverenciado com um troféu por meus colegas. Mas é bem verdade que deixei a vaidade de lado entendendo que minha imagem estava ali para ajudar a divulgar a importância da doação de órgãos.
Como transplantado de fígado, não tive como não me emocionar ao ler o editorial assinado por Celso Ferrer, CEO da GOL Linhas Aéreas. Ele informa que o Brasil ocupa a quarta posição no ranking dos países que mais realizam transplantes de órgãos. E isso se deve ao sistema nacional de transporte de órgãos, do qual o setor aéreo do Brasil é parte fundamental desde os anos 1990. Naquela época, as companhias de aviação se comprometeram a transportar, gratuitamente, órgãos humanos, ossos, tecidos, instrumentos e pessoal necessários para a realização dos transplantes.

Ferrer lembrou que a caixa térmica onde os órgãos para doação fica, viaja na cabine do avião, o cockpit, e simboliza uma operação de resgate “daquilo que nos é mais precioso, garantir que uma pessoa ganhe a chance de se reencontrar com vida”. Isso me fez lembrar as muitas viagens feitas no mesmo cockpit, a convite do meu sogro, o comandante Egon, da Varig, pai de Imara Stallbaum, com quem convivo há 45 anos.
Agradeço à Revista da GOL pela publicação da matéria que mexeu tanto comigo e com tantas pessoas. Faço o mesmo em relação à jornalista Renata Veneri, autora da reportagem, cuja sensibilidade resultou num texto que, apesar de escrito em tempo recorde, é extremamente belo e fiel à minha história. Que os deuses e a natureza te iluminem, Renata. Continua escrevendo sobre a vida da forma brilhante como escreveste sobre mim. VIVA A VIDA.
Antonio Carlos Mafalda